Coronel da PM assume abuso da filha de 10 anos e culpa menina: "Caí em golpe"
O coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo, Luiz Enrique de Souza Ikeda, réu acusado de estuprar a própria filha, que tinha 10 anos na época do crime, disse em depoimento que caiu em um "golpe" orquestrado pela menina. O caso aconteceu em Limeira, no interior paulista, em 2011.
O crime passou a ser investigado em junho de 2020 pela Delegacia de Defesa da Mulher de Limeira, em um inquérito que durou quase cinco anos. Em janeiro deste ano, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) apresentou denúncia contra Ikeda por estupro de vulnerável. Um mês depois, a denúncia foi aceita.
De acordo com aúdios obtivos pelo Metrópoles, o policial dá detalhes sobre os crimes em uma gravação feita pela menina em 2017, quando ela tinha 16 anos.
"Não posso (dizer) que não aconteceu porque aconteceu. Só que eu falo que eu caí, vamos dizer assim, num golpe. E por que que eu falo isso? Como eu estava no pé dela por conta dos namorados, seria uma carta que ela teria na mão para usar contra mim", disse o coronel, em depoimento prestado em novembro do ano passado.
Durante a oitiva, Ikeda relatou apenas um dos episódios de estupro. Segundo ele, quando dormia no pé da cama em que o restante da família estava deitada, a menina teria pressionado seu pênis com os pés repetidamente. Ele teria deixado a ação para ver "até onde ela ia".
"Eu peguei… estava um tanto quanto meio fora de mim. Aí, eu pensei comigo: ‘Vamos ver vamos ver até onde isso daí vai’. E aí, eu deixei com que ela colocasse o pé dela na minha genitália. Aconteceu. Realmente aconteceu, mas não passou disso", relatou.
A versão, no entanto, contraria o que ele diz no diálogo com a filha, captado em áudio em 2017. Na gravação em questão, ele diz que colocou o órgão sexual para fora da bermuda e o colocou entre os pés da menina. Além disso, colocou a culpa na criança, dizendo que ela seria sonâmbula.
"Eu peguei, puxei a parte da bermuda um pouquinho para baixo e deixei meu pênis sair para fora aqui em cima. No instante que meu pênis foi para fora, você levou os seus dois pezinhos […] para a parte de cima aqui. Isso aqui na hora fez assim. Eu falei, ‘Acho que ela tá acordada. Só pode tá acordada. Não é possível o negócio estar acontecendo desse jeito’. Aí eu peguei e pensei o que? A bosta do hormônio", disse.
Já em outro estupro descrito no áudio, o coronel teria "deixado" a filha masturbar seu pênis na lavanderia do imóvel em que moravam.
"Eu tinha bebido muito. Você me aparece na lavanderia, no meio do que aconteceu, e curiosa de saber como é que eram as coisas. Então, eu estava suscetível ao que aconteceu. Deixei rolar. Então, como eu falei, eu não me eximo de culpa. Só que nessa história, a culpa não é só minha. Nunca foi. Tudo bem, você tinha 11 anos de idade, ia fazer 11. Então a sua culpa não é tão grande, porque você estava curiosa", afirmou.
"Aí você parava. Ficava um tempinho sem eu fazer nada. Aí você mexia de novo no meu pênis, ele voltava a ficar duro, e você começava de novo. Aí eu: ‘Para, senão vou gozar de novo’. Aí você parava, deixava de novo, dava um tempinho, pegava de novo. Lembra? Se você não quisesse que o negócio continuasse, você simplesmente faria o que? Deixava eu gozar", prosseguiu o coronel.
As promotoras da 1ª Vara Criminal de Limeira afirmam, na denúncia, que Luiz Enrique de Souza Ikeda "aproveitou-se do fato de sua esposa ter viajado ao Rio de Janeiro, a trabalho", para praticar os abusos. Destacaram ainda que o coronel deu ordens para que a menina não relatasse os abusos para a mãe.
Bn@ws